No nosso núcleo de amigos e pessoas conhecidas temos todos, com toda a certeza grandes e pequenas histórias para contar. Vamos nos apercebemos disso pelo factor da partilha. Estão englobados sentimentos, valores, conteudos de risota e muita alegria á mistura num bom contador de histórias.
Mas e contar a "nossa história"? Como é?
É mais complicado, não é?
Quando temos de "mexer" em sentimentos para exprimir o que somos e o que temos na mente e no coração.
Quando falamos de sentimentos temos sempre uma barreira invisivel (transparente) de forma a não os aflorarmos a toda a gente, conhecida, ou amiga. Somos selectivos e apenas dizemos as coisas quando elas "saiem".
Porquê?
Porque temos ou adoptamos uma postura de reserva em relação aos mesmos?
Porque temos medo de nos expôr.
Não é de nos expôrmos ao ridiculo.
É de nos expormos a quem não nos sabe ouvir.
A quem não tem tempo...
Nem tempo de ouvir, nem tempo de escutar.
Existe diferença entre as duas, mesmo pensando que não, senão explico:
Tempo de ouvir, é tempo para ouvirmos os outros, num curto espaço de tempo, e partilharmos com eles (com amigos e pessoas conhecidas) as boas histórias que nos têm para contar do dia a dia, ou do próprio passado. Banalidades, partilha, etc.
E tempo de escutar é escutar apenas com o coração, o que o nosso amigo tem para nos dizer. Ou mesmo não nos dizendo, nós sentimos isso, dentro de nós.
Muitas pessoas são assim, reservadas, caladas, autónomas, dentro do seu ser.
Agem dessa forma com o objectivo de serem elas a resolver os seus próprios problemas interiores.
E por isso se reservam bastante.
Mas também pelo facto de não correrem riscos nas interpretações dos outros. Exactamente porque os outros não estão predispostos a ouvir. Nem muito menos a escutar.
Existe também uma forma de reserva para não incomodar os outros.
Por não haver necessidade de "incomodar os outros com os nossos problemas", daí o termos necessidade de nos reservarmos tanto.
Ontem estive com uma pessoa que me mostrou uma grande mágoa em relação ás suas experiências de vida. Áquilo que sentiu, que se mostrou e aquilo que tentou resolver por si só.
Embora tenha feito tentativas de diálogo, num momento propicio da vida dela, correu um risco.
O risco da temporalidade.
Do aqui e do agora.
Essa pessoa tratou o problema não no aqui e no agora, mas deixou passar o tempo. E esse tempo que se retornou em passado, criou fisica e psicológicamente mágoa em seu coração.
Especificamente um assunto mal resolvido na familia, em que o tema é a morte, pode original mágoas profundas que podem trazem graves repercussões fisicas.
Pois todo o forum emocional se projecta fisicamente.
Esta pessoa, que utilizou o diálogo, para resolver uma problema intrinsecamente direccionado com a morte de um familiar, originou-lhe uma mágoa muito grande, porque não a souberam ouvir. Nem escutar com o coração.
As pessoas não estam despertas para isso.
Não percebem isso.
E rejeitam fazê-lo.
Esta querida menina, está hoje a "sofrer esta rejeição".
Não se quer ajudar a si própria, mesmo vendo o seu problema interiormente.
Porque não se quer predispôr aos outros, não se quer expôr.
Não quer expôr o que sente, exactamente porque sabes que não a vão ouvir. ou escutar.
Então: guarda tudo dentro do seu coração...
Para tudo há uma causa e efeito.
O universo dá-nos apenas aquilo que lhe damos a ele.
Dito isto, como poderemos ajudar alguém que não quer ser ajudado?
Como poderemos ajudar alguém que recusa ajuda, porque tem medo de se expôr?
Por achar que não vale a pena.
Porque simplesmente ela sabe que não a ouvem, que não escutam a sua voz.
Nem preservam o que sente, interiormente.
O tempo aqui tem muita importancia.
Não devemos guardar mágoas.
E o tempo em demasia faz com que guardemos no nosso coração mágoas, do passado, que faz com que nos tornemos fechados, por isso mesmo.
Ficamos com bloqueios e mágoas que temos de ultrapassar.
A esta minha "amiga" dei-lhe um exemplo figurativo.
Quando estamos a limpar a casa, necessáriamente ao aspirarmos tiramos o tapete e sacudimo-lo, esta moça não faz isso. Simplesmente coloca o pó por debaixo do tapete, para não ser visto. Nem se incomoda com tal coisa.
No entanto, um dia ela vai ter de levantar o tapete e sacudi-lo, e aí teremos duas observações:
Para além de estar mais sujidade acumulada, (pó) está também manchado o chão, com a marca do tapete. (o coração dela ficou com marca - sequela - ferida, por causa do tempo.)
Porque na altura certa ela não o levantou e o sacudiu. Para este tapete ficar limpo e resolvido mais um pequeno problema. (o do pó).
O que quero dizer com isto é que quanto maior for o tempo em que guardamos as coisas no coração, as mágoas, maior será depois e mais dificil será a sua resolução. Mais tempo demorarará a ferida a sarar.
A morte e a rejeição que fazemos da morte, por vezes leva-nos a guardar mágoas profundas...
Mas deixem de rejeitar a morte, não se prejudiquem. Não se magoem, nem reprimam a voz interior, bloqueando-a e reprimindo o que sentem...
Conversem com alguém amigo, verdadeiramente amigo e que vos saiba escutar de alma e coração. E aí, mesmo que não resolvam tamanho problema, estarão mais aliviados na mente e no coração. Escutem a voz do coração e perdoem quem têm de perdoar. Mas sigam em frente, ultrapassem com ligeireza esta ponte condicionante da continuidade humana.
Escutem o que o vosso coração vos diz. E escutem também o que o outro tem para vos dizer.
Quem sabe não somos todos uteis uns aos outros? e não tenhamos algo de bom a dizer ou um acto e confortante nesse mesmo ouvir... como um abraço para dar, a quem precise?
Escutar manifesta-se acima de tudo no estar atento. A nós . E aos outros.
O que têm para nos dizer.
E o que nós temos para dizer.
O que temos para escutar.
O que temos para fazer fluir.
Existem sempre soluções, mesmo que nos pareçem muito distantes.
As alternativas e versatilidades são necessarias para as utilizarmos como ferramentas diárias, para o nosso crescimento e amadurecimento pessoal.
Queridos amigos, estejemos todos muito mais atentos...Á Arte de saber escutar...
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